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sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Viagem de Autocaravana de Bergamo a Dubrovnik

Já há muito tempo que deixei de actualizar as nossas viagens... Faltou-me tempo e paciência para detalhar a nossa viagem ao Vietname, em Janeiro de 2017 ou a Madrid, em Fevereiro de 2018.
Voltados de uma viagem de 15 dias de autocaravana, por Itália, Eslovénia, Croácia e Bósnia, com um bebé de 4 meses, decidi partilhar a experiência e dar algumas dicas.

Alugámos uma autocaravana através do site Goboony. Foi difícil encontrar uma boa conjugação de caravanas com preços de viagens e acabámos por voar de Lisboa a Milão, apanhar um shuttle e ir buscar a caravana a Bergamo, o que talvez não tenha sido a melhor opção. Mas foi a que encontrámos.
Como era a nossa primeira aventura de caravana, e não conhecíamos as estradas por onde iríamos andar, optámos por uma caravana mais pequena, o que facilitou algumas manobras. No entanto, foi complicado dormirmos os três na mesma cama estreita e confessamos que nos fez alguma falta algum conforto para as paragens. Foram 15 dias entre os assentos da caravana, uma cama estreita e um sofá pequeno e duro. 
(factores a ponderar para uma próxima)

A manutenção da caravana também é algo que dá algum trabalho: tirar os cocós e xixis diariamente, esvaziar as águas cinzentas e encher as águas limpas, procurar sítios para poder dormir e estacionar em cidades turísticas, ter atenção à energia e baterias, etc.



Por outro lado, com um bebé, foi super prático! Andar de casa às costas é mil vezes mais simples do que fazer e desfazer malas de cada vez que se muda de poiso.
Ah, levámos algumas coisas essenciais como toalhas, lençóis, detergente da loiça, molas e fio para pendurar roupa, etc., o que também é preciso ter em conta, quando se compra os bilhetes de avião e se pensa na bagagem.

Em termos de custos, talvez seja ela por ela com um outro tipo de viagem do género. Mas só o facto de poder comer sempre na caravana é sem dúvida uma ajuda para se poder poupar.
A caravana custou-nos cerca de 95 € por noite e gastámos uma média de 160€ diários com tudo incluído (excepto os voos).
Fizemos, em 15 dias, 2.546 km, 49 horas ao volante, numa média de 51km/h, com um gasto médio de 10,6L/100km e, basicamente, gastámos cerca de 360€ em gasóleo, 90€ em portagens, 200€ em parques de campismo e outros estacionamentos e 180€ em alimentação.

Mas deixem-me contar o nosso percurso.
No primeiro dia, chegámos bem cedo a Milão e fomos buscar a caravana a Bergamo. Como sabíamos que, entre supermercados e explicações dos proprietários, iríamos demorar um bocado, não fomos muito ambiciosos no primeiro destino. Parámos em Treviso para dormir e aproveitar para visitar na manhã seguinte. Dormimos num parque de estacionamento bem perto do centro, com outras caravanas, água e sítio para despejar águas sujas, tranquilos e sem stress.
Em Itália é relativamente fácil dormir fora de parques de campismo, mesmo em lugares gratuitos.
Confesso que durante toda a viagem não facilitei neste ponto, porque viajámos com um bebé e tive alguma cautela extra. Além de que não me apetecia levar uma multa...
Pelo facto de termos ido em Outubro apanhámos muito menos turismo, mas também foi difícil em algumas zonas encontrar onde dormir.

Treviso foi uma boa surpresa.

No segundo dia decidimos fugir ao roteiro que tínhamos preparado em casa (típico...) e em vez de irmos para Trieste, fizemos um pequeno desvio para Ljubljana. O googlemaps dizia que eram 2 horas e meia e nós acreditámos. Demoramos quase 6 horas!!! Uma estrada linda, mas totalmente rural, levou-nos até esta cidade que fomos obrigados a visitar a correr.


Logo de manhã apanhámos imenso frio, mas depois pôs-se um dia lindo e ficámos com pena de não ter tempo para conhecer melhor a cidade.
Almoçámos numa feira de gastronomia mundial numa praça no centro, a 5€ cada, umas massas tailandesas que nos sobraram para o jantar!
Não foi propriamente um prato típico, mas começámos muito bem.



A seguir ao almoço, seguimos para a Croácia, para os Lagos Plitvice. Achámos que ia ser uma estrada mais tranquila, mas também era pelo meio do campo... demorámos aí mais umas 5 horas e quando chegámos lá era noite cerrada. Foi um stress para encontrar sítio para dormir e, para ser honesta, todo o cenário parecia assustador para parar. Fomos a um campismo que fizemos no park4night (a aplicação que nos ajudou a viagem toda), mas o homem respondeu que estava fechado e não nos deixava dormir lá!
Acabámos num estacionamento muito básico, a 19€ a noite, onde foi mesmo só dormir e arrancar no dia seguinte para o parque (Bear camp).
Tivemos imensa sorte porque, não fazemos ideia porquê, a entrada no parque era naquele fim-de-semana baratíssima. Talvez por isso também estava tão cheio. Gostámos muito mas ficou um pouco aquém das minhas expectativas. Talvez pelo facto de ter tantos turistas e de cada vez que alguém quer tirar uma fotografia (que acontece a cada 10 metros) o trânsito pedonal interrompe todo.
Foi bom termos ido no Outono, porque as cores estavam lindas. Deve ser também bonito noutras estações do ano (no inverno então deve ser de morrer!) 




Eu tinha já lido que não dava para ir de carrinho e levámos o J no sling, bem essencial neste tipo de viagem. Porque íamos com ele, optámos por fazer um dos percursos mais curtos e achámos que era suficiente.

Não esperávamos, mas o parque tinha tanta gente que quando acabámos o percurso a pé e fomos apanhar o barco para a saída, tínhamos 45 minutos de fila de espera!! Imagino que no verão seja bem pior!

Quando acabámos a visita, voltámos à estrada e seguimos rumo a Zadar. Se conseguíssemos ainda iríamos descer mais.


Como o Kico ainda se sentia em condições, fomos até Split. Aqui para dormir foi o mesmo filme... em Split não havia nada que me inspirasse confiança (havia uns parques grátis junto à praia, mas eu tive algum receio) e fomos dormir a um parque de campismo em Strobek. Este parque foi o mais caro de todos, cerca de 27€, mas era óptimo!!! Até tinha uma praia privada e tudo (que não aproveitámos), mas aproveitámos os chuveiros para tomar um banho decente e com pressão! Finalmente pude pôr amaciador no cabelo!!

No dia seguinte de manhã visitámos Split. Foi dos sítios de toda a viagem que menos gostámos.
Almoçámos por lá, eu uma fatia de pizza péssima, comprada numa pastelaria de rua (o único sítio da viagem onde não havia pastelarias com bom aspecto) e o Kico um prato típico da Bósnia (Cépavi), que ele adorou, numa tasca que ninguém dava nada por ela!

Depois de visitarmos a cidade, decidimos descer mais um pouco, rumo a Dubrovnik. 
Dormimos um pouco abaixo de Omis, no meu parque de campismo preferido de toda a viagem - Sirena.
Com uma vista magnífica, para uma praia óptima. 
Além disso, o restaurante tinha sempre música tradicional ao vivo todas as noites, que era muito engraçado.



Este parque tinha um pôr do sol incrível. A praia era linda de morrer e não tinha ninguém. Fui positivamente surpreendida com o calor que apanhámos em Outubro e fartei-me de usar os fatos de banho que achei que iam ficar perdidos nas malas.

No dia seguinte, bem cedo, partimos para Mostar.
Parámos a caravana num parque pago perto do centro (5 euros sem limite de tempo).
4 meses de vida, 4 países visitados! Para comemorar, eu e o Kico planeámos almoçar fora e comer um bolinho típico em homenagem ao nosso baby! 
Comemos uma rua principal de Mostar, num restaurante bem barato, e para sobremesa comemos uma Baklava e um café bósnio (que tivemos de perguntar como se bebia, porque é preciso deixar assentar as borras antes de beber). Ficámos tão empanturrados que não aproveitámos os imensos gelados de 0,50€ que havia em todo o lado! 
Adorámos Mostar, mas foi um bocado complicado visitá-la com o J. As ruas, além de cheias de turistas, têm uma pedra antiga em todo o lado, o que dificulta imenso ir com carrinho (que, infelizmente, tínhamos levado). Estava ainda por cima muito, muito calor e então visitámos um bocado à pressa.



É habitual alguns rapazes mergulharem da Stari Most (que é muita alta) e nós apanhámos um desses momentos (eu tremi só de imaginar), mas para imaginarem a quantidade de gente que havia na cidade, posso dizer que assim que ele se preparou para saltar, os turistas pareciam as baratas que saíam do meu quintal na Roménia, todos coladinhos ao muro para verem e acabámos sem conseguir assistir!!

Dormimos perto de Mostar, em Blagaj, um outro ponto turístico para quem visita Mostar.
Dormimos num campismo chamado Eko Center, a 10 euros a noite.
Blagaj também é giro e vale a pena a visita se passarem de carro ou caravana.

No dia seguinte, no caminho para Dubrovnik, parámos em Pocitelj, mas também não visitámos muito, porque também era complicado com o bebé.
Parámos só a caravana para algumas fotografias e gastámos os nossos últimos marcos em bolos, numa pastelaria na estrada.



O caminho até Dubrovnik tem algumas paisagens incríveis (mais a partir do momento em que chegamos à Croácia).


Precisamente perto de onde esta fotografia foi tirada, ainda na Bósnia, começámos a ouvir um barulho estranho no carro. Suspeitámos que fosse um furo no pneu, mas espreitámos e não vimos nada.
Eu respirei de alívio porque, apesar de não perceber nada de Italiano e não ter percebido nada das explicações do proprietário da caravana, fiquei com a impressão de que ele tinha dito que não havia pneu suplente. 
Uns quilómetros mais à frente, infelizmente, a sina estava traçada. Tínhamos um furo. Logo na Bósnia, o único país onde pagámos comunicações em Roaming. Que azar. E claro, não havia pneu suplente. Falámos com o proprietário, que nos explicou que devíamos concertar o pneu, com um kit que ele tinha no carro, e ali mesmo, no meio da estrada, sem sequer termos um triângulo, o Kico começou a odisseia de tentar reparar o pneu. Não fosse o facto de aquele pneu já ter tido um furo antes e ter já sido concertado... Enfim, um dia totalmente perdido.
Na estrada mais bonita da viagem.. Que mal deu para aproveitar.
Chegados a Dubrovnik, fomos directos a uma oficina trocar o pneu. Mas já sem mood nenhum para fazer o que fosse. Exaustos e enervados.
Tentámos ir a Dubrovnik pôr a roupa a lavar, mas é impossível ir até lá de caravana. Andámos às voltas e fomos até uma cidade no sul, para estacionar e dormir. Mas, de repente, não queríamos dormir ali... 


fizemos tudo para cima de novo, para dormir num parque de campismo.
Acabámos por ir parar a um caro, chamado Pad Maslinum, mas que no dia seguinte nos surpreendeu positivamente com uma praia óptimo onde demos uns mergulhos, antes de irmos passear.
Como tínhamos percebido que era impossível parar a caravana, acabámos por ir e vir de autocarro. No parque pudemos deixar a caravana o dia todo, sem pagar nada, o que foi óptimo!
Mas muitoooo cansativo. Além de que, mais uma vez, foi super difícil passear na cidade com o carrinho. Dubrovnik tem imensas escadas, e para aceder à cidade desde o autocarro era uma grande descida (que tivemos de subir toda no final do dia!). Devíamos ter ido de sling...






Após chegarmos ao parque de campismo, subimos um pouco mais e dormimos em Slano, num parque de campismo improvisado, no quintal de uma família, mas espectacular porque era mesmo em cima da praia!
E super baratinho (acho que uns 10euros) - 42.782398,17.875500 - Kamp Rogac Slano


Precisávamos muito de descansar e decidimos que nos próximos dois dias só íamos fazer praia. Queríamos ir a Brela, à praia de Punta Rata porque lemos que era das melhores praias da Croácia. Então, na noite seguinte dormimos a meio caminho num parque simpático, em cima da praia também. Auto Kamp (43.323299,16.986000), onde tomei o meu segundo e último bom banho da viagem.

No dia seguinte fomos à procura da praia, mas não conseguimos ir de caravana, porque era proibido o acesso a Brela a caravanas! 
Então voltámos para o Sirena, e dormimos lá mais uma noite, aproveitando a praia, que desta vez já estava um pouco diferente, com o mar mexido.
Nessa noite fez tanto vento que até meteu um certo medo e percebi que o verão tinha acabado nesta viagem...
Tive de me contentar... quanto mais para cima mais frio ia ficar.




Era hora de voltar ao ponto de partida.
No dia seguinte, fomos até Zadar. Passámos por Trogir (também a correr!) e por Sibenik. Adorámos Sibenik, mas de repente achámos que o J estava com febre e então fomos a voar para a caravana! E, claro, estava tudo bem!!
Ainda deu para ver um pouquinho da cidade não tão cheia de turistas!








Chegámos a Zadar já de noite. Toda a gente que me falou ou que li, dizia não tão bem desta cidade e então íamos com pouca expectativa. Mas, apesar de todo o cansaço, de ser noite e estar fresco, achámos a cidade engraçada. Só que, mais uma vez, não sabíamos onde iríamos dormir, porque percebemos que muitos parques perto estariam fechados em Outubro.
Acabámos por avançar rumo a norte, a Rijeka, e a dormir no primeiro sítio que nos aparecesse viável.
Confesso que ia chorando. Estava tão mas tão cansada, só queria dormir.
Acabámos numa zona chama Senj, num parque horrível, em frente do mar, com péssimo tempo e a 20 € sem electricidade!!
No dia seguinte, visitámos Rijeka mas era domingo. Ou seja, estava tudo fechado! Deu para ver que é uma cidade bonita e animada, mas não ao domingo!
Dormimos a meio de caminho, já na Eslovénia, em Hrusica, a 12 euros. Um frio de rachar!!
 
O próximo destino já era novamente Itália! 
Parámos em Pádua (que adorámos!!), onde dormimos num parque de estacionamento preparados para caravanas, a 8€, um bocado longe do centro.
Fomos visitar a Basílica de Santo António (que é linda!) e andámos a passear no centro da cidade, super animado e cheio de cafés e pastelarias. Gostámos muito da cidade e tinha muitos turistas!







 
Para não fazermos tudo de seguida, até devolvermos a caravana, parámos também em Verona, onde encontrámos um parque para caravanas, a 10 euros todo o dia.
Não gostámos tanto de Verona, que estava muito mais cheia de turismo, por causa de Romeu e Julieta. Mas também é uma cidade encantadora!








Com a viagem a terminar, era tempo de voltar para Bergamo. Pelo caminho saímos em Sirmione, mas foi um erro de percurso.
A cidade alta de Bergamo é bonita, mas vê-se em poucas horas. Foi pena não termos dedicado mais tempo à cidade baixa, nomeadamente ao centro, que tem uma vista maravilhosa para a cidade velha.


Foram 15 dias muito bons! Claro que foi extremamente cansativo. Não só pelo número de km que fizemos, como pelo número de horas na estrada, mas sobretudo porque viajámos de caravana e não é o mesmo que descansar num hotel.
De toda a viagem, o que menos cansou foi o facto de termos viajado com um bebé, ao contrário do que toda a gente nos pergunta.
O facto de ele só mamar facilitou muito os timmings das refeições, mas há que contar com muitos compassos de atrasos, por causa disso mesmo. De resto, a única coisa que pode atrapalhar é a muda de fraldas, que demora uns 5 minutos mais...
Achamos que ele se divertiu muito, foi super estimulado, viu imensas coisas diferentes, ouviu muitas vozes em diferentes idiomas a falarem com ele, foi muito apaparicado. Foi à praia, ao campo e às cidades. Viu cores diferentes, novos cenários, sentiu novos cheiros e respirou outros ares.
E acima de tudo, esteve feliz. Porque pais felizes, bebés felizes!