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terça-feira, 31 de julho de 2012

O corpo é que paga


E ao contrário da maioria dos INOV, não é ressaca. O meu veneno é outro...
Enfrento no dia-a-dia vários obstáculos sociais complicados de ignorar. Sim, é o que o meu subconsciente diz-me "ignora", o meu consciente diz-me "sê educada mas põe-nos no lugar" mas o meu inconsciente fica bastante enervado, e provocam-me as minhas acostumadas e afamadas (e com péssima fama) dores de cabeça. Se tivesse sempre comigo, acho que tomava uma pastilhinha todo o santo dia.
À parte a má-educação habitual, os encontrões na rua, o não deixar passar e as caras feias, por vezes as situações desagradáveis tocam-me mais que um simples roçar suado.
Não fosse a Anabela, que é mais crescida e fala romeno, e ontem das duas uma: ou tinha acabado à estalada e era expulsa de casa, ou tinha acabado à estalada e pagava o indevido.
Vejamos a seguinte situação:
- contas do mês
1) No mês passado (Junho) a bela da senhoria, aparece lá em casa com as contas da água, luz, gás e internet. Uma famosa Factura (palavra bilingue, no caso), com o detalhe do período a facturar - como bem não poderia deixar de ser. Faço-me de simpática e, muito pacientemente, tento explicar que só entrei na casa a 24 de Maio de 2012 e como tal não me compete a mim pagar qualquer valor não referente àquele período. Ao que ouço a resposta "Mas antes de ti não vivia cá ninguém". Após 30 minutos sobre justiça social, levo a melhor. Parece que ela me quis enganar mas não conseguiu dar-me a volta;
2) Este mês a história repete-se com a conta do gás. Uma conta de 211 Lei (mais de 40 euros) respeitantes ao período entre 30 de Abril a 30 de Junho. Mais uma vez digo, só pago a partir do dia em que entrei, mas porque raio tenho que pagar o que já paguei? Vêm-me com conversas de acertos. Tudo bem, ainda assim bato pé que só pago a partir de Maio. Zangam-se berram-me ao telefone e dizem-me estar muito zangadas, que não estão para alugar uma casa para dar problemas... pois então passem para cá o meu dinheiro e tentem passar a perna em outro.
3) Envio a factura à Marta que a dá a conhecer à Anabela que, por sua vez, pede à Cristina (esta então romena) que ligue para a companhia de gás para percebermos os valores. Eis senão que lhes explicam que o que está a ser cobrado é uma deslocação do pessoal da companhia à minha casa com o intuito de cortar o gás que não foi pago a tempo e horas e ainda uma penalização por atrasos nos pagamentos.
E elas berram, e elas gritam e elas riscam as facturas e elas querem cancelar o contrato. Pois que cancelem, que iremos fazer queixa à defesa do consumidor, pois não há justa causa de resolução. No fim tudo acaba como devido, mais ou menos, pois admitem que eu apenas tenho de pagar 20 lei (menos de 5 euros) pelos dois meses...
4) Concluindo, é querer cigana e não conseguir. No entanto, a perda de confiança é total e o meu desespero aumenta.

- o trabalho
1) É bem entendido que não me é fácil trabalhar em grandes equipas, pois sim, muito menos chegar a um país novo, com uma língua e um direito novo e uma função nova e aprender da noite para o dia.
2) Mais complicado se torna quando me mandam emails na língua romena, nos quais apenas estou referida em CC e, como tal, ignoro. Eis senão que nos aparece uma colega qualquer, nunca antes apresentada, e fazendo cara feia me diz que precisa do asset nr. (wtf is that?) para JÁ. Sim sra. concerteza, sua alteza, ao vosso dispôr, ainda mais quando não existe um SFF nem um obrigado na vossa empresa.
3) Pior é quando o nosso chefe nos manda aprender determinadas funções como uma administrativa que se pela com medo que lhe roubem o trabalho. Esta ignora, finge que não sabe as coisas e não ajuda. Aliás, desajuda, pois insiste em tornar o trabalho que nem é muito complicado no maior inferno da minha vida...
4) Conclusão, além de o it's not my job que leio diariamente nas suas caras, tenho ainda de entender que that's my job também se aplica.

Uma outra coisa que me tira completamente do sério é o livre arbítrio dos taxista para escolher aquilo que acham que me devem dar de troco...
 
Não sei, não percebo nada. Estou cansada, muito cansada, aborrecida e desmotivada...
E o corpo ressente-se. Quando voltar a Portugal e for visitar a Inês Neves ela vai achar que tive um acidente de viação ou que voltei a envelhecer 50 anos...

2 comentários:

  1. Querida Sara cá estou eu.

    Força mulher. Tu és forte, muitaaa forte. Não desanimes. Quando voltares vai ser só gargalhar com tudo isto.

    PS. que raio de malta essa.

    Beijinhos

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    Respostas
    1. Olá!!

      A Inês Neves anda por aqui a ler as tuas peripécias.... não deve ser fácil... mas pelo menos criaste um blogue divertido que anima quem te segue :)!! Goza bem isso aí... vais ver que até vais ter saudades :)

      Eu cá estarei para te "por as peças no sítio"... avisa-me da tua data de chegada... devo ter que tirar um dia só para ti!!

      Beijinhos
      Inês Neves

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