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quinta-feira, 26 de julho de 2012

Todas as manhãs, pelas 8 horas, começa no campo a "arenda", durante o mês de Julho. Em Facaeni fiquei a conhecer esta realidade da nossa empresa. Sob a torreira do sol, com um termómetro a marcar os 39º, dezenas de camponeses esperam pela sua vez. Trabalhamos as suas terras e está na altura do pagamento. Fazem fila em frente a Mirela e Alexandra, as administrativas, que sem parar contam notas, fazem-nos assinar um anexo aos contratos com as novas alterações do código civil romeno, e, em alguns casos, dão o papel com a quantidade de trigo respectiva a que os proprietários têm direito - é que o pagamento é, se assim o quiserem, feito em produto e não em dinheiro. Alguns contam avidamente maços de notas de 10 lei (cerca de dois euros), guardam nos vestidos ou bolsos das calças. O ar é pesado, o calor aumenta, o cheiro a gente do campo confunde-se com o dos cavalos que aguardam lá fora e com o de mici a ser grelhado na cozinha da quinta. Lá em baixo no celeiro, debaixo do pó e com os pés enterrados no trigo, estão os proprietários a encher sacos de trigo e a pesar, numa balança à qual posso chamar, sem ofendê-la, rudimentar.
Os meus pés rapidamente entram no espírito - pretos e cheios de pó. Tenho pena de não entender a língua romena, pois ali decorre um rol de lamentações, piadas e conversas banais. Rostos pesados de quem toda a vida trabalha no campo, mãos grossas e pele áspera, falta de dentes e chapéus de todas as formas. 

De regresso à cidade sabe bem, com o ar condicionado apontado para a cara, fingir que respiro o verde e amarelo dos campos após as colheitas.

A genuidade do povo. A vitalidade do campo.

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