Ter a mãe em Bucareste

Significa ter todos (ou quase todos, porque estão 37-40º e é duro...) os dias companhia para almoçar e explorar os restaurantes da Lipscani. Ir conhecer a pé outras partes da cidade que ainda não tivera paciência para ir sozinha. Ontem fomos à Fabrica, no outro dia descobri uma loja da Birkenstock, já entrámos em imensas lojas (sempre sem sucesso) e fizémos passeios ao fim-de-semana mesmos giros e descontraídos.

Já demos nomes às várias zonas de Bucareste. Umas são inomináveis, outros prédios já se podem dizer semelhantes à Amadora (é por isso que o João Costa e a Magui gostam tanto disto :P), uns ciganos já são musgueira, os piorizinhos galinheiras e depois há uns que a minha mãe diz “ui, estes não há”. É que a minha mãe achava que não se ia impressionar. 20 anos como professora no bairro da Musgueira e actualmente no ensino especial, com uma turma de ciganos... mas afinal...nem tudo é como parece. Agora sim, já me compreende em muitos aspectos, sobretudo na dificuldade em mexer o corpo com este calor. Já lhe ensinei que a minha cara cá é sempre esta, a do mau humor. Às vezes melhora, vá, quando há dias como o de ontem.

Significa até, vejam como é forte a minha mãe, ter alguém a ver-me a levar com agulhas espetadas pelo corpo e aguentar sem gemer.

E significa ouvir o mesmo que ouvi do meu namorado “não estás gorda, estás normal. Antes eras magra.” Sem comentários não é?

E mais, para que não digam que a minha mãe não me alimenta:

Trouxe-me de Portugal BOLACHAS (que também há na Roménia), gel de banho e sabonete (e agora leva “pa troca” uns romenos mesmo bons e baratos e NESTUM (que eu não gosto). Só não trouxe a Amêndoa Amarga.... e vai ao supermercado, faz sopa para mim, lava-me a loiça, aspira-me o chão (que por acaso estava limpinho, oh mãe)...

Já assistiu a uma CUCARACHA PARTY, para não achar que eu tenho baratas na cabeça, mas manteve a calma e até já se ofereceu para deitar fora as “barateiras” (ratoeiras para baratas). Mas ainda não passou à acção.

Enfim, maninhas, estão ciumentas?

Ah, e quanto à manifestação de que vos falei ontem, deixo-vos a par da política actual da Roménia:

(há quem faça figas para dar para o torto para irmos embora mais cedo, mas não acuso ninguém)

O Presidente da República actual é a cara da austeridade do FMI (porque será que não gostam dele...?) e o seu maior rival é o Primeiro-Ministro. Houve, por decisão da Assembleia da República, um referendo quanto à continuação do seu mandato, mas não votaram pessoas suficientes e o Tribunal Constitucional considerou que o Presidente não podia ser deposto. Ontem houve então uma manifestação ali ao pé de minha casa, mas tudo correu bem e pacificamente.

E muito resumidamente, assim vai a política também na Roménia