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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

E... Quando me fizerem a pergunta: vale a pena fazer o INOV?


Eu sei que essa pergunta vai chegar. E vinda de muitos lados.
Não me arrependo nada de ter vindo. Agora que chega quase ao fim sou até tomada de um sentimento de nostalgia e medo de abandonar isto e voltar à realidade.

Se vou ter saudades? Claro que sim... Onde mais é que posso ir ao cabeleireiro fazer tudo por 10€, ir à Ópera por 5€, ir ao bailado por 10€, jantar fora e gastar no máximo 15€ e até beber cerveja a 0,50€...? comprar livros a 2€, ir a museus a 1€... etc? Quero dizer, claro que há outros sítios, mas seguramente vou sentir falta disto tudo quando chegar a casa.
A verdade é que não é tudo arco-iris (na bela expressão de "Zé" Vidal) como, depois de passados todos os tormentos, os ex-estagiários gostam de pintar.
Não é a melhor oportunidade da vossa vida. Não é a melhor coisa que vos pode acontecer. Mas sim, significa muito, para qualquer um de nós. Sejamos do grupo dos que adoraram tudo, dos que odiaram tudo, dos que se foram adaptando, dos que nunca sofreram ou dos que sofreram até ao último minuto.
Mas só se para vocês isso significar alguma coisa.
A minha vida em Lisboa estava óptima - tinha um bom emprego, um namorado novo, imensa diversão com amigos espectaculares, alguns projectos e tudo com sucesso. Mas eu sofro de um problema: quero sempre mais. Testar-me até ao tutano. Quando me candidatei foi em 2010. Na altura já estava cansada de brincar aos escritórios de advogados. Mas não teria sido a altura perfeita. E assim quis o destino: que eu fosse seleccionada mas não colocada em nenhum mercado, adiando essa vinda para 2012 - com a Ordem feita, tudo em "ordem" e pronta para partir para outra. Se profissionalmente alguma coisa mudou? Não, continuo a não gostar de brincar às empresas. E, por muito que nos digam que os estágios são fracos, que somos pouco valorizados e que a maioria não tem nada que fazer, achamos que isso não é o fulcral. Mas acreditem: é muito importante. No fundo, vimos para longe de casa, para trabalhar, para ganhar pouco ao fim do mês (sim, esqueçam aquela ideia pré-concebida de que o INOV é um ERASMUS para juntar dinheiro...isso já não acontece mais.) e, pelo menos para muitos, seria bom sermos incentivados na parte profissional. A verdade é que muitos poucos o são.
Para mim tudo começou como uma irrealidade. Sem tempo para pensar em nada, disse que sim a tudo (porque eu dificilmente consigo dizer que não) e quando dei por mim estava em Bucareste, debaixo de uma chuva gelada e sem roupa para a tempestade. Comecei bem, entusiasmada com o novo trabalho, mas o entusiasmo durou pouco mais que três semanas. Às tantas, somos mais um na empresa, sem ninguém que tenha tempo a perder, que nos possa ensinar tudo e nos encaminhar na perfeição. E temos duas hipóteses: ou queremos por tudo cá ficar, ou relaxamos. Ao fim de alguns dias percebi que nem esta empresa nem a Roménia eram para mim e decidi então ter vida pessoal.
Mas a vida pessoal não enriqueceu muito. Não gostei da cidade, não me apaixonei por nada: pela comida, pelos hábitos, pelas pessoas, pela maneira de lidar com os outros.
O que é facto é que conheci locais deslumbrantes, que nunca tinha visitado, não me mandassem para aqui, quase forçada. Não tinha conhecido algumas pessoas que me deixarão uma marca no coração. Não teria decorado com todo o amor e empenho uma casa (e apesar de odiar ser dona de casa, não me esforçaria muito para manter as coisas arrumadas). Nunca me teria interessado muito pela história deste país e ia ser imensamente mais ignorante no que a esse aspecto toca.
Se deu para me descobrir? Acho que ainda não. Acho que vou estar sempre em descoberta. E agora que estamos na meta final, admito, tenho medo. Medo de voltar à rotina, medo de ficar frustrada com o que se passa em Portugal, medo da inércia, medo das rotinas. Mas no fundo, eu adoro a rotina, e essa já eu a conquistei cá.
Se são desligados ou menos apegados sentimentalmente ao que quer que seja: família, namorados, cidades, etc, nunca hesitem numa oportunidade destas.
Se são como eu, simplesmente gostam de arriscar, mas têm demasiadas coisas que vos prendem à vossa chamada casa, saibam que vão passar as passinhas do Algarve, seja na India, no Brasil, em Madrid, no Dubai, em Paris...Seja onde for. Porque há simplesmente coisas às quais não nos podemos desamarrar.
Só que a vida é curta. Urge vivê-la, e vivê-la bem! Sofremos sim, mas no fim tudo vale a pena.

 “Uncertainty is an uncomfortable position.
But certainty is an absurd one.”

Voltaire. 


4 comentários:

  1. So tenho a dizer qe tb era da edicao 2010, em 2010 tinha td pa axar o inov perfeito :)
    o destino nao me qis :) 2012 MZ revelou.se uma boa surpresa! :)
    foi exactamnte cmo tu descreveste :) ta top o teu texto :)

    "Valeu a pena? Tudo vale a pena qdo a alma nao e pequena..." :)

    keep writring <3

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  2. Gostei muito de ler este teu ponto de situação. É o que penso em traços gerais da minha experiência. Nem tudo foi perfeito mas voltas muito mais rica do quando foste e acredito que te irás apercebendo disso ao longo do resto da tua vida... Manel

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  3. Muito bom post, mas discordo de uma parte.

    "Se são desligados ou menos apegados sentimentalmente ao que quer que seja: família, namorados, cidades, etc, nunca hesitem numa oportunidade destas." Eu sou quase isso tudo, mas se por acaso, antes do INOV, estivesse a trabalhar em algo que me estivesse a valorizar profissionalmente isto não tinha sido uma boa opção. Valorização minima em termos profissionais com um orçamento ridiculo que para pouco ou nada dá.
    Claro que cada caso é um caso. E para quem nunca viveu fora de Portugal, é sempre uma grande oportunidade para se poder distanciar e ver as coisas com outros olhos.

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  4. Eu não concordo muito com a parte "saibam que vão passar as passinhas do Algarve, seja na India, no Brasil, em Madrid, no Dubai, em Paris...Seja onde for. Porque há simplesmente coisas às quais não nos podemos desamarrar". Sendo esta a minha quarta vez a viver no estrangeiro e que durou menos tempo, posso afirmar que nunca antes passei as passas do Algarve. Só mesmo no Inov, lado pessoal e profissional juntos.
    Mas concordo com o André que para quem nunca vivei fora, é uma boa oportunidade. Por isso, aconselhei o meu namorado a candidatar-se.

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