Meanwhile, pelo resto do mundo - Uruguai

Lembram-se de eu ter contado que um dia ia na rua e vi um rabo?! Sim, um rabo…foi nojento. Pois vejam aquilo que a Inês Silva viu, em Montevideo.

Aconteceu logo pouco depois de ela chegar. A Inês trabalha para a Embaixada de Portugal e quando são promovidos encontros, por vezes dão-lhe convites (oh, como eu gostava de ter ido para uma embaixada). O evento, no Teatro Solis, que era para ser um bailado de dança contemporânea, afinal é moderno-experimental.

Sabia lá a Inês que coisa era essa.

Sentada na primeira fila, folheia o folheto com as descrições das interpretações, mas sem entender nada deste estilo de arte, desistiu… apenas sentiu que o espaço entre o palco e o seu lugar era demasiado pouco espaçoso.

Se tudo começou a ser estranho quando um dançarino português se enrolou em papel e “dançou” tentado livrar-se do mesmo, a loucura começou quando o sérvio de camisola transparente e calções entra no palco de costas. Calções que nem cortinas de palco…abertas. O seu número consistia em numerosos movimentos, demasiados movimentos que fizeram o estômago da Inês balançar. No intervalo metade da audiência começou a abandonar o espectáculo. Mas a Inês não o podia, nem queria fazer. E depois do rabo, nada pior podia aparecer.

Próximo acto: um homem, integralmente nu, pintado com cores florescentes a vir na sua direcção. E aí ficou, durante vários minutos, a ler coisas de um papel. Depois vieram mais homens nus, um pintado de vermelho, tirava folhas de uma impressora e mandava-as para o chão, outro entrou vestido mas começou a despir-se à medida que apresentava slides num computador que apresentavam mais nudez e coisas muito estranhas. Esfregavam, metaforicamente falando, sangue nos corpos uns dos outros. O climax foi quando veio outro "actor" num fato tipo alien que começa numa dança frenética, completamente fora de contexto. Enquanto o bicho estava ali a estrebuchar reparo, com muito medo, que os actores nus começam literalmente a subir plateia acima onde estavam as pessoas. Eu fiquei aterrorizada, mas por sorte nenhum passou muito perto de mim.

Conclusão, uma bichanada pegada, não fora no fim o dono do rabo sérvio lhe ter dito com ar sério: "tu, com essa maquilhagem e esses olhos, vais poder conquistar o mundo!".