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terça-feira, 29 de maio de 2012

Tive medo

A minha estadia em Bucareste dava um blog.

Como já descrevi, a minha casa remonta aos anos 60, tem chão de madeira e range quando se anda. O que vale é que a vizinha de baixo é completamente surda. E cheira mal - contra isso arranjei um óptimo sistema. Comprei um ambientador que colei na porta. Sempre que abro a porta o ambientador bate na parede e liberta o cheiro as rosas (que logo apodrecem). Bato a porta três vezes, para sair mais cheiro, e disfarça...

Ontem estava muito contente. A casa está quase pronta, a roupa espalhada pela divisórias todas quase seca e eu em arrumações a curtir um som. Eis quando ouço passos no andar de cima. Atenção: não existe andar de cima... Como podem ver na foto que já pus da casa por fora, por cima de mim há qualquer coisa abandonada, com janelas sem vidros e sem luz. Como é que se entra para lá, para que serve, aquilo tem ligação a alguma casa? Não sei. Sei que ouvi passos e fiquei apavorada. Estática durante cinco minutos a pensar no que fazer.
Liguei para a Magui, que já vive cá há muito, a pensar que ela  me ia dizer que era normal, que devia ser isto ou aquilo. Ela berra do outro lado do telefone "O QUE??? TENS LÁ ALGUÉM? QUE PÂNICO! Vem já para cá, liga ao Laurentiu, faz qualquer coisa!" Ok, panico. Ligo ao Laurentiu, sempre em modo sussurro, não queria que a pessoa me ouvisse. "Sara, calm down. It's impossible that is someone there... maybe it's a cat!" Ele estava assustado, achava que não era mesmo possível estar lá alguém. Disse que ia já ligar para a senhoria e pedir que ela passasse lá em casa.
Ligo para a Joana, que conhece a casa. Ela mete-se num táxi para vir ter comigo. Ao mesmo tempo tenho a Marta e a Filipa no skype, para me controlarem a vida enquanto a Joana nao chega. A Marta questiona-se se eu não estarei a inventar coisas.
Ligo de novo ao Laurentiu. Ele continua a dizer que nao pode estar lá ninguém. Todos duvidam da minha sanidade mental "I'm NOT CRAZY Laurentiu, I'm sure there's someone there!" Ele diz que sabe que eu não sou maluca (deve estar a pensar exactamente o contrário), não consegue falar com a senhoria mas pergunta-me muito naturalmente, se eu estou cheia de medo what the hell still doing in the house? Bolas, é a minha casa, com tudo... Estão malucos?
Chega a Joana, com um taxista que fala inglês. Ela já lhe explicou toda a situacao. A Joana quer meter-me no táxi e levar-me para casa delas, mas eu não quero sair dali sem perceber o que se passa. A Filipa diz para a Joana me meter no táxi ao que esta responde "Não posso discutir agora com a Sara!" Então obrigo o taxista a ir bater a casa da outra vizinha, da casa do lado. Sai uma velhota no meio da noite, à chuva. Ela nem queria abrir a porta ao taxista, já tinha o portao trancado (que eu abri...) mas quando ouviu a minha doce voz lá abriu, agarrou-se a mim e a minha mãozinha que não largou mais enquanto explicava em romeno que por cima dela vivem umas estudantes que têm a lavandaria ou uma ponte, não percebi bem, por cima de mim, que eu não precisava de ter medo. Até me deu beijinhos a senhora (esta gente é muito engracada!!). E lá para o meio ainda me sacou a informação do valor que eu pago pela casa. A Joana, para ajudar a festa disse que ela agora vai achar que eu sou rica e vai-me querer assaltar. Ela e o taxista... 

Bem, toda acagaçada, à mesma, fui dormir para casa delas, e hoje o Laurentiu confirmou com a senhoria que moram ali estudantes num pequeno quarto. Quando vinha para casa vi-as a fumar à janela... OH QUE ALEGRIA, a sério!!
E mal entro no prédio sai-me um cheiro a rosas e conheço o filho (presumo...) da vizinha, que já tem para lá de 50s.
Meanwhile, fizemos amizade com o taxista, a Joana sacou-lhe o número, para quando precisarmos dele lhe ligarmos. Adoro esta gente!
Tomei meio xanax para dormir e fiquei completamente grog no trabalho. Saí cedo, fui a casa delas e encontrei a Maria, a empregada delas que arranha português. Já a conquistei para vir cá uma vez por mês limpar e passar a ferro.
Já tinha preparado marmita e tudo, bem apetitosa: Macarrão com cogumelos frescos e pepino, com um molho de pepino fantástico. Está mesmo delicioso. Mas deixei-o em casa. Fui almoçar a um café ao lado de casa delas por menos de dois euros... marmita?! porquê?


E eis mais um pedaço da minha casa:




Não é tao gira?
Depois faço um vídeo que explica a estrutura da casa, para perceberem porque é que as vezes consegue ser assustador...
Não vejo a hora de estacionar e comecar um dia normal... ir ao ginásio, ir experimentar o yoga, ter a minha bike, ir jantar fora descontraída, enfim... comecar uma vida... talvez na véspera de ir embora?!

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