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quinta-feira, 7 de junho de 2012

Hoje foi o primeiro dia

Tem piada que a primeira coisa que as pessoas daqui, quando me conhecem, depois de ficarem muito admiradas por eu não ser estudante, mas sim advogada (ehehe, adoro!) perguntam é: "mas como é que vieste parar a Roménia?" Eles, que vão para Portugal, com cursos superiores, trabalhar nos campos, obras ou como empregadas domésticas (para não falar dos que preferem ir mendigar para Lisboa em vez de Bucareste...).
Pois é, também eu dou por mim muitas vezes a pensar como é que de facto vim aqui parar. Mas não foi para divagar sobre as querelas do Destino que iniciei este post. 
O que é impressionante é a impressão que os romenos têm de nós. Não sei se dos portugueses, sem dos estrangeiros em geral. Penso que devem pensar que somos ricos
1) porque emigram para o Portugal, que nem os nossos emigravam para a França. E parece que todos querem ir - empenham-se a aprender português, todos. E aprendem rapidamente. Incrível. De louvar mesmo.
2) porque os portugueses que vêm para cá só vêm mesmo se for para ganhar dinheiro. De outra forma não deve fazer muito sentido. Acho eu. Ou, digamos, falo por mim.
3) porque de facto, mesmo com a pequena bolsa do INOV contacto (sim, é mesmo pequena, não pensem que venho para aqui fazer dinheiro, porque isso está mesmo longe de acontecer, se não tiver que por dinheiro do meu bolso será uma vitória!), sou muito mais rica que qualquer um dos meus colegas romenos de trabalho.
O salário mínimo aqui ronda dos 100 e tal euros, e o médio os 400... Percebe-se que quando digo que vivo num apartamento, sem partilhar casa de banho com duas ou três pessoas, quando digo que vou ao ginásio ou quando apareco com roupas da Zara, pareça a maior dondoca do sítio.
A verdade é que as coisas aqui estão ao nosso alcance. Eu, a Marta, a Filipa e a Joana estamos a adorar brincar às princesas. Elas é marcar depilações, manicures, pedicures, massagens, solários, ir ao ginásio, fazer compras na DM, etc. Mas não podemos ir à Zara, nem sequer à Bershka. Não comemos carne, e peixe só atum. Não pagamos o autocarro, porque não há relação preco/qualidade. Não vamos ao shopping, o ginásio é manhoso, o cabeleireiro é todo feito a base de promoções. Viajamos em comboios de 14 horas, de pestana aberta para não sermos gamados. Almoçamos na rua por 3€, umas coisas manhosas, porque nos deve sair mais barato que gastar em casa água, gás, electricidade e supermercado. Cancelamos a TV.
Hoje, pela primeira vez desde que cheguei, não gastei um tostão! Porque me concentrei em vir directa para casa. Ainda estava tentada em ir comprar manteiga com sal, pois o pão é delicioso e não encontrei ainda mais que margarinas, o que me está a tirar o prazer de comer umas torradas bem deliciosas. E, por sorte, o cabeleireiro da minha rua está fechado para obras.

Em complemento do post de ontem, o quão anormalidade é, estar aqui há três semanas e ainda não ter atinado com o metro? Nem sequer ainda percebi bem como abrem as portas da carruagem...

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