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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Bucareste, cidade de contrastes II


Bucareste não é para corações moles. É a Europa longe da Europa.

Com um passado demasiado recente, a cidade aos poucos sai do seu casulo vermelho e da sua rigidez ditatorial. Os edifícios oponentes, palacetes e inúmeros jardins, camuflam-se nas construções minimalistas ao estilo comunista. A cidade tem a cor de uma areia lamacenta.
Mas os costumes começam a mudar. Lojas de alta costura, carros demasiado bons, casas luxuosas e restaurantes finos podem ser avistados do lado de lá do Parque Herastrau. Um bosque no meio da cidade, com um enorme lago, onde os habitantes passam as suas tardes quentes, à pesca, a patinar ou a andar de gaivota.
Já no centro da cidade, o moderno mistura-se com o antiquado, as roupas simples com as tendências fluorescentes. Publicidade de viagens,  de refrigerantes e outros produtos inalcançáveis para muitos, dispara nos outdoors. É que, as notas, indestrutíveis, abundam mas valem pouco. Não raramente vemos um sem-abrigo com um maço delas, e quando nos damos conta totaliza cerca de três euros.
O povo confunde-nos entre a amabilidade e a indelicadeza. Uma conversa amigável por qualquer pretexto transforma-se em cara feia e amuo meio infantil. Por vezes tentam ser trapaceiros, mas a herança de ter sido sempre um povo conquistado por terceiros ainda lhes corre no sangue. Rapidamente damos a volta.
Os táxis, tão demasiadamente baratos que se tornam uma opção muito mais apelativa que qualquer outro transporte público, ziguezagueiam no trânsito caótico. É buzinadela, é palavrão, é contra-ordenação.
A noite é sofisticada - bares modernos, mini saias e saltos altos, copos na mão e música comercial. O dia é pouco alegre - corpos apáticos que deambulam na rua, a caminho dos seus afazeres, parando minutos infinitos nas passadeiras à espera que abra o sinal verde, contornando os muitos, alguns pretensos, pedintes doentes, estropiados ou com crianças de colo. Todos lutando pela mesma coisa - sobreviver.
Crianças brincam nas ruas, procurando no meio do lixo ali deixado (há uma enorme escassez de caixotes do lixo e a reciclagem é quase inexistente) algo com que se entreter. Os ciganos aglomeram-se nos prédios abandonados e decoram os seus novos lares. Os cães e as baratas são tantos como as pessoas, porém, todos têm uma aparência inofensiva. Sentimo-nos seguros, no meio de tanta confusão.

Tantos são os contrastes, que os mais longos dias com 46º graus se vão transformando num ápice em dias curtos que acabarão em temperaturas negativas e o alcatrão demasiado quente que nos derrete as solas dos sapatos se transformará numa pista de gelo.





A opinião sobre a cidade e a sua vida, divide-se muito por estes lados. Mas já agora, deixo-vos com os textos das antigas estagiárias do INOV CONTACTO por estas bandas:

Sobre os Romenos, na visão de Alenxadra Sepúlveda

http://beta.networkcontacto.com/visaocontacto/Lists/Posts/Post.aspx?List=3e1cd5f3-abf7-4d75-adec-2658218d629a&ID=1119&Source=http%3A%2F%2Fbeta.networkcontacto.com%2Fvisaocontacto%2FLists%2FPosts%2FAllPosts.aspx

Sobre Bucareste pela Magui

http://beta.networkcontacto.com/visaocontacto/Lists/Posts/Post.aspx?ID=1161

 

 

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