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terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Até que enfim com malas! Udaipur...!

Não sei se cheguei a mencionar que morri de medo na noite em que chegámos a Bombaim. Já era muita tarde e o ambiente era meio assustador.
Mas medo, medo tive hoje no caminho de Bombaim para Udaipur. Graças aos filmes todos com as perdas das malas - que depois de muitas preces lá apareceram intactas, cada uma a seu tempo - marcámos a viagem para o Rajastão em cima da hora. Os comboios pelos vistos têm que se reservar com duas a três semanas de antecedência, mas nenhum dos amiguinhos que nos deu dicas sem lembrou de nos dizer isso.
Tivemos pois que marcar um sleeping bus de, supostamente, 13 horas. A Ayesha falou-nos do site Make My Trip, que é de fiar e, como ela é top, nós comprámos o bilhete por lá, perguntámos onde ficava a estação de camionetas de Bandra East e fomos à confiança (eu mais confiante, o Kico mais ansioso). Depois do taxista ter parado para fazer um "a little urine", queria deixar-nos à beira de uma estrada, numa espécie de quiosque/loja, no meio de um trânsito louco. Eu não me levantei do táxi enquanto o Kico não foi confirmar se era ali mesmo e ter sido informado que era noutro lado qualquer. Bem, o outro lado qualquer era uma paragem de autocarros entre duas faixas de rodagem de uma pseudo-mini-autoestrada, que nos parecia tudo menos um local onde dois turistas deviam esperar pelo autocarro. Ligámos para a companhia que, do outro lado tinha um senhor que me dizia IndiIndiIndi e, felizmente, um espectador deste espectáculo todo ofereceu-se para fazer a comunicação entre nós e informou-nos que o nosso transporte estava atrasado 1h30. Na boa, esperamos mais umas duas horas (porque fôramos prudentes e estávamos na estação com 60 minutos de antecedência - isto é tão Salvação Barreto!) no meio deste caos poluído sem nada para fazer. Comecei a fritar a achar que tinha mesmo que fazer xixi, que não ia aguentar tantas horas sem saber que tinha uma casa-de-banho, mas tudo foi em vão. Às tantas apareceu-nos uma pequenota indiana que nos perguntou se éramos os tais que também iam para Udaipur no mesmo autocarro que ela, que tinha vindo a Bombaim visitar o noivo que era de Bangalore. O Kico não lhe ligou nenhuma, mas eu aproveitei para travar amizade, porque nestas coisas já se sabe... dá sempre jeito alguém que nos explique como é que a coisa funciona e que dá uma mãozinha quando é preciso. Foi assim que, quando o autocarro parou uma hora e meia depois de ter iniciado a marcha, e eu precisei de ir aliviar a minha vontade, foi com ela e com um Indiano Londrino que me salvou a vida, que consegui que me indicassem qual a casa de banho mais próxima, pois era coisa que sozinha eu não estava mesmo a conseguir entender...
Era lá bem longe, numa espécie de contentor, mas a das senhoras estava fechada e não nos queriam deixar ir à dos homens. Depois do Londrino de 70 anos intervir por mim, a indizinha ficou a vigiar a porta enquanto eu tentava perceber porque raio havia uma porta num compartimento que não tinha buracos - era no chão mesmo(?)
O meu amigo Londrino, amoroso amoroso, comprou uma garrafa de água para me lavar as mãos quando eu saí daquele nojo e ficou encantado quando descobriu que eu tinha Dodot's.
Porém, ficou super decepcionado quando lhe dissemos que não íamos ao festival de papagaios de papel a que ele ia assistir (e, ao que parece, gente de todo o mundo) e mais ainda, quando dissemos que não fazia parte dos planos ir ao Taj Mahal.
O senhor era manco e quando nos aproximámos do autocarro, tinha o meu namorado furioso porque eu vinha a molengar e o autocarro já ia partir sem nós!
Bem, mas nada disto não foi o assustador, porque o Kico tinha uma faca para cortar fruta que eu ordenei que ficasse à mão, para qualquer eventualidade.
E verdade seja dita, que o autocarro era um luxo: as nossas camas pareciam quase tão boas como o quarto do hotel onde vamos pernoitar hoje.
Ora façam lá a comparação:




Só que, no autocarro não havia casas de banho e no quarto a que há cheira tão mal que mais valia não cá estar...
;Mas, nesta viagem infindável, eu ia a rezar qualquer coisa interiormente, a agarrar-me ao Kico e a fechar os olhos e tentar pensar que não era desta que morria. É que pareceu-me íamos a 200km/h, com o motorista sempre a buzinar e a fazer travagens bruscas, sem abrandar nas curvas (felizmente não havia montanhas ou precipícios, pelo menos que eu tenha notado). 
Mas não foi desta mesmo!!
E também não será esta noite, neste ninho imundo, porque agora com o regresso das nossas malinhas já estamos todos kitados à prova de todos os nojos!

Chegámos a Udaipur às 14h e picos (ou seja, 5 horas depois do que era previsto!) e ao início eu fiquei um bocado desmoralizada com a cidade, que é muito mais suja e pobre que Bombaim. Mas assim que saímos da nossa pensão maravilha (e depois de almoçar num telhado de um hotel, uma comida não muito boa), ficámos estupidamente apaixonados - e não foi um pelo outro, que isso já estávamos. Udaipur é mesmo uma cidade de princesas Jasmin,com hotéis muita charmosos (aliás, amanhã em princípio vamos brincar aos Marajás), uma cor incrível e com um potencial de consumo maravilhoso! Todos os restaurantes são no último andar dos hotéis e ao jantar bebi um Lassi de rosas, que devia ser o que as princesas bebiam nas histórias das mil e uma noites... Esperemos que a nossa história não seja outra, que com estas comidas nunca se sabe...
Até amanhã!


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