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domingo, 18 de janeiro de 2015

Por cada Maravilha, 5 Aventuras

Há quem vá seguindo o blog e ache que eu não estou a gostar da Índia. Desenganem-se: tirando os últimos dois dias, que passei a vomitar, esta viagem tem sido incrível. Todos dizem que Índia, ou se ama ou se odeia, mas também acho possível o meio termo. Cada local significa algo diferente para cada pessoa que o visita. E muitas vezes não são os locais mas as experiências que aí se vivem ou as pessoas com quem se cruza.
Mas, em geral, as pessoas já me conhecem a mim e à minha facilidade em exagerar, ser pessimista e satirizar as situações.
Agora, uma coisa é certa: para cada coisa boa, parece que acontecem umas cinco menos boas. Mas isso também faz parte do conceito de viajar na Índia - ou seja, nunca se deve planear nada com muito rigor, pois pode sempre ser preciso parar para repor energias.
Como nós, em Pushkar. Depois do dia dos cocós, eu decidi que à noite queria ficar em casa a descansar. Já íamos cá ficar três noite, por isso ainda tínhamos tempo para ir dar uma volta mais pormenorizada no mercado e ir ao outro lado do Lago. Sim, porque eu estava obcecada em dar a volta ao lago e tentar perceber donde vinham todos estes punjab.
Assim, pela manhã (já não tão cedo) passámos na banquinha do senhor que vende umas camisas giras, prometemos que íamos só ao ATM e já voltávamos (era aí a terceira vez que prometíamos o mesmo, mas desta íamos mesmo cumprir). Só que quando começámos a andar, desafiei o Kico a finalmente irmos dar a volta ao lago e a visitar o templo branco que se via lá ao fundo. Eis que me começo a sentir mal, que algo cá dentro tinha que sair por cima ou por baixo. O Kico segura-me em tudo, para eu vomitar ali mesmo, que ao pé da caca de vaca não haveria grande problema, mas eu começo a sentir algum pudor de sujar estas ruas tão limpinhas (??)
Venho a correr para o quarto e, desde essa hora da manhã, até ontem à tarde, não parei mais. Quem ouviu as minhas histórias sobre o aeroporto de Nova York, o avião até Singapura e a minha ida ao Santa Maria, já sabe do que sofro, e bem me disseram que "na Índia tás lixada" - adivinharam. Há uns que sofrem de diarreia. A mim calhou-me logo a mãe da gastroenterite. Começou com idas à casa-de-banho de 5 em 5 minutos, onde só o cheiro da mesma me fazia logo expelir tudo o que existia cá dentro. Soltei tudo - até pedaços de cérebro devem ter ido pelo cano abaixo.
Melhor que viajar, só viajar com o nosso amor, que cuida de nós nestes momentos menos bons. O Kico perdeu o dia e fez de enfermeiro toda a tarde, tentado empanturrar-me de Sprites e bananas, para eu não morrer desidratada.
No segundo dia achámos por bem ir curar isto de forma rápida, mas o hospital estava fechado, porque era domingo. Então chamámos o médico indiano a casa, que é como quem diz, ao quarto da Guest House, que receitou um cocktail de comprimidos e prometeu que eu dois dias eu ia estar boa.

Foram dois dias sem reagir - no segundo já consegui ir fazer umas comprinhas e comer arroz branco...
Mas pelo menos desvendei um mistério de Pushkar. Até hoje não conseguia perceber porque é que sempre que havia uma festa lá fora eu não estava presente. Talvez estes cânticos e sons se passem todos dentro dos tempos, onde estrangeiros não são permitidos (isto é tão humilhante como compararem-nos a um cão?)
Depois de uma noite de insónias pude ver que afinal nem sempre queremos estar em todo o lado. A nossa Guest House fica entre dois templos, de maneira que, toda a noite ouvi um concerto de música cigana de um lado (não sei de onde, nem até que horas) e, pelas 6:00 da manhã fui alertada durante cinco consecutivos minutos com os sinos e tambores do templo do outro lado. De forma que, eu e a Sónia, tivemos música ao vivo, mesmo sem sair de casa.
Se não os podes vencer, junta-te a eles, e assim, sem quase dormir, aproveitei para acordar cedo e tomar banho com a água quente que escasseia em poucos minutos... Carpe Diem.

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