Após dois dias de tréguas, os
deuses voltaram a fazer das suas...
Acordada às 4:30, cheia de sono e
com muito frio mas muito feliz porque íamos de avião quase directo, para
Vanarasi.
O Kico foi ao balcão de
informações da Jet airways, enquanto eu chillava ali um pouco. Como ele nunca
mais vinha, tentei encontrá-lo, olhando ao redor mas só via pessoas (muito)
parecidas com ele. Lá chegou o meu homem com um ar tristonho. “O voo está
atrasado” – pensei.
“Baby, marcámos o voo para dia 21
de Junho...” &%@# Não, não podia ser. Eu não podia acreditar. Mas, mesmo na
Índia – onde tudo é possível – quando fechamos os olhos para ver se as coisas
más não acontecem, não resulta. Aliás, às vezes quando fecho os olhos na Índia,
a tentar adormecer, vejo macacos e pessoas a arrastarem-se pelo chão, todos
pintalgados, num frenezim de buzinadelas. Por isso mais vale estar acordada.
Acordados ficámos nós (e até apitámos), quando fomos pagar a mudança de
bilhete, para conseguirmos não estragar mais os planos.
Estas nabices acontecem, é um
facto. Mas a mim...
Apanhámos o avião seguinte para
Delhi, não sei antes passar num cybercafé do aeroporto e espreitar os hotéis.
Não eram maus, nem eram caros como em Bombaim. Tirámos alguns nomes e
prometemos não pensar mais sobre o assunto. A viagem de 45 minutos passou,
literalmente, num piscar de olhos. Quando abri estava na cidade mais nublosa e
gelada da Índia. Já no aeroporto, felizes por pelo menos não nos terem perdido
as malas (vá lá, nem tudo é mau!) lembrámo-nos de ir àqueles balcões onde já
nos arranjam um quarto para passar a noite. Pedimos um perto do aeroporto,
depois pegávamos um rickshaw e íamos dar uma volta à cidade. Eu baralhei-me nas
contas, o Kico não opinou muito e afinal fomos para a um hotel de beira de
estrada (o que na Índia é bem pior que uma A1 em termos sonoros e de limpeza do
ar), caríssimo, sujo, feio, mal cheiroso e frio. Mal entrei no quarto, disse
logo “nessa cama não durmo eu”, ao que os empregados se ofereceram para mudar
os lençóis. Mas o ar condicionado não funcionava e nós não viemos preparados
para o inverno, por isso tivemos direito a um “upgrade” para um quartinho
refundido, que faz resvés ali com um galinheiro e tem pombos a arrulhar no
respirador da casa-de-banho. Como o restaurante do hotel era caro, decidímos ir
dar uma volta, à procura de algo menos mau. Foi como ir passear às Galinheiras
(ou pelo menos o que eu imagino daquilo) mas há 20 anos atrás. Após comermos
pó, eu ser comida com os olhos, voltámos desanimados e entrámos no hotel,
pedimos uma pizza (tinha que ser algo seguro). Mas não! Uma pizza coberta com
camadas de queijo ransoço que nem descia goela abaixo. Decidimos fingir que
este dia nunca tinha acontecido, que nunca tínhamos pisado Delhi e que íamos
aproveitar para estudar Varanasi, ver os hotéis lá e as viagens de lá para o
Sul. Tudo muito bem, até à Internet do hotel ir abaixo e não nos restar mais do
que esperar...
O quê mais, hein?
Nem sei que diga... Mas vale por mais uma experiência. Beijinhos para ambos
ResponderExcluirAvó