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sábado, 7 de fevereiro de 2015

Amor e uma cabana, serve-nos!

Em todo o lado ouvimos falar russo. As praias de Goa estão para os Russos como as Phi Phi para os Israelitas. Os menus afixados nas paredes dos restaurantes são em língua russa e à beira-mar, a levar com a rebentação das ondas, encontramos brancos gordinhos já escaldados, a tentar aguentar a força do mar sem cair.

Ao fim de muitos dias de viagens, fizemos uma escolha 100% acertada: alugar uma scooter para o período que estamos em Goa. Assim, pudemos percorrer as praias de Sul a Norte do Estado. Não ficámos rendidos com as praias, que não têm águas cristalinas como nos fez crer o Google Images, mas não deixamos de estar na Índia. E por isso Goa encanta-nos todos os dias. A água do mar é quente, o sol é escaldante, há locais recônditos e as viagens a partir de casa são sempre uma surpresa.

Definitivamente, nós preferimos o Sul ao Norte. Aqui os turistas procuram as festas trance, as praias são mais sujas e o mar tem mais corrente. Há mais turismo nacional, não se vêem indianas de fato-de-banho e, por isso, os olhares recaem sobre nós. Há quem espere para nos ver a sair do mar e, em Baga, dois jovens vieram pedir para tirar uma fotografia connosco, pois só tinham mais dois dias de férias em Goa. Na areia poisam poias, perto dos restaurantes crianças defecam ao ar livre. As pessoas deixam lixo em qualquer lado e à beira bar há pacotes vazios de batatas fritas, garrafas de refrigerantes e outros restos de festas passadas.

Fomos directos a Anjuna, numa quarta-feira, para apanhar o mercado. O famoso mercado hippie, que em tempos devia ser brutal – os viajantes vendiam aí as suas coisas para continuarem a viver na Índia (instrumentos musicais, sacos-de-cama e outros produtos que na altura não eram encontrados na Índia) – é hoje um mercado de perder de vista onde há de tudo, mas mesmo de tudo. Desde as sedas, as jóias, os sapatos do Rajastão até ao artesanato dos ocidentais. Os preços são completamente inflaccionados e, por isso, após horas ao sol e calor, desistimos de permanecer ali. Achámos que a praia se equipara a Lloret del Mar, de areia escura, cheia de vidros, mar pouco limpo e gente a fumar ganzas ao sol.
Fomos tentar Arambol, de que já tanto ouvimos falar. Chegámos já quase ao final do dia e não tínhamos onde dormir. Percorremos todas as cabanas na praia, mas tudo se demonstrou barato (de facto) e desconfortável. Quando finalmente encontrámos um poiso, que nos pareceu limpo até encontrarmos cotão e cabelos no chão, fomos jantar e dormir. A praia não é má, mas também esta está cheia de turismo barato – restaurantes de praia com música electrónica ou russa, por forma a atrair um tipo de pessoas que, definitivamente, não somos nós.
Assim, decidimos voltar para casa no dia seguinte. Ao descer, tentamos as praias de Baga, Calangute e Candolim (que é a mesma extensão de praia) e damos hurras por estarmos instalados no Sul.
No caminho paramos em Panjim, a capital de Goa. A cidade é grande e, acrescendo à nossa falta de tempo (porque ainda é longe de Margão), visitamos apenas a Igreja e as Fontaínhas, o bairro português. O nome das ruas em português e as antigas casas portuguesas que são hoje hotéis com um ar muito confortável fazem com que o lugar pareça parado no tempo. Paramos para comer qualquer coisa, num café completamente cosmopolita (Old Quarter) onde descubro um açúcar orgânico de comer e chorar por mais e com um ar muito saudável. Vou logo perguntar onde se compra aquilo e fico a saber que é na Fab India. Não descansando até encontrar a dita loja, acabamos por vê-la na beira da estrada por acaso! Adorei e aconselho, tem produtos muito diferentes: compotas, chutneys, molhos e o açúcar! E ainda roupa mas muito cara.

No sul as praias são mais calmas, mais bonitas e com menos gente. Há dias em que encontramos lixo à beira-mar e outros que não. É possível encontrar praias quase desertas, como a Galgibag, área reservada, onde as tartarugas deixam os seus ovos ou Mobor (a parte mais a sul da praia que também passa por Benaulim). Nestas praias é possível destaparem-se para apanhar sol, tomar banho nus ou fazer o pino.
Palolem é mais turística, mas as cabanas junto à praia dão-lhe imensa cor. Há muitas actividades desportivas e ainda passámos lá um bom bocado.
As praias de Patnem e Talpona são também bonitas e com menos gente que Palolem. Achámos Agonda um bocado turística também, com muitos barcos de pescadores e restaurantes em todo o lado.

Mais perto de casa temos a praia de Benaulim, onde jantámos (e muito bem) no dia da nossa chegada com a Aileen e o Pradip. A praia não é má, podemos sempre ficar nas espreguiçadeiras e tentar não ser abalroados por todos os russos que ali pairam. Quando lá fomos logo no dia seguinte, tivemos de comprar um paréu a uma cigana que me impingiu umas pulseiras para os pés e que, feitas as transacções que tínhamos a fazer, me desejou boa sorte. FINALMENTE, alguém me abençoou. Pior foi a outra ciganita, que me viu de carteira aberta e não descansou enquanto não me tentou com tudo o que tinha: queria a todo o custo fazer-me as sobrancelhas, a manicure, a pedicure ou vender pulseiras, small business for me too, a quem eu neguei tudo e que seguramente me rogou pragas maiores que a boa sorte da outra.

Mas parece que em Goa tudo vai correndo bem.


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