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sábado, 7 de fevereiro de 2015

Este post custou-me 1.000 rupias

Já era altura de ter alguma peripécia para contar. E então, porque não pagar 1.000 rupias por um serviço e sair de lá com mais uma história?

Já quase todos conhecem a minha paranóia com as baratas, fiquem então também a conhecer a minha fobia de cabelos.

Mas deixem-me contar-vos como foi a massagem ayurvédica de hoje...

O Kico andava há uma semana a azucrinar-me o juízo porque queria, porque queria, fazer uma massagem. Eu não estava de todo para aí virada, porque além de caras, eram minutos de sol que me iam roubar.
Contudo, combinámos que eu podia fazer paddle surf se ele fizesse uma massagem. Só não havíamos combinado que era eu também parte integrante do pacote de Spa e mais valia ter remado diariamente do que enfiar-me naquele gabinete de estética (se é que pode ser assim chamado...)

Apanhámos as massagistas desprevenidas e, em dez minutos, uma foi buscar o marido para tratar da saúde do Kico e, assim, após termos comido um gelado que mais parecia um Corneto do Café do Aires, cada um entrou no seu gabinetezinho. 
Não sei como correram as coisas entre os homens, mas comigo foi assim:

Sento-me num banco de madeira, apenas me sendo permitido permanecer com a parte de baixo do bikini, enquanto uma grávida com um ligeiro (ou nem tanto) odor a suor, se prostra à minha frente e me começa a lavar o cabelo com óleo de cheiro a madeira. Ando eu há meses a tentar combater os meus problemas do couro cabeludo com um champô caríssimo para em três segundos, com as unhas afiadas (que depois me massajam as mãos e os pés) me provocar ali uma enorme queda de cabelo, que vai pousando no meu corpo despido. Seguidamente, o tormento continua - toca a deitar numa maca toda oleosa (as massagens ayurvédicas são feitas com óleos especiais, que, por norma, costumam ser óptimos) e, para melhorar a coisa, por cima de uma toalha húmida e mal cheirosa. Tento relaxar, mas não há maneira... sinto os meus (espero que meus) cabelos misturados com o óleo a passarem do pé para o rabo, do rabo para o ombro. A menina bem que os vai tirando, mas se não é isso que me incomoda são as mãos delas, ásperas como pedra-pomes.... andei uma semana a torrar para agora ela me tirar o bronzeado... o meu bikini sobe e desce que é uma maravilha, mas também para quem está deitada numa maca, de mamocas para cima, com uma desconhecida a massajá-las, às ditas, nas virilhas, no rabiosque... Aproveita, Sara, massagens... tu gostas. Eis que o pesadelo parece prestes a acabar, quando ela saca de um creme e OH NÃO, na cara NÃO!!!!! A minha acne estava tão boa, desde que cheguei a Goa. Ela acabou de me massajar os pés e agora vem mexer-me na cara?! Contudo, estas palavras ficam presas na garganta e tento mostrar o meu desagrado com caretas, mas tudo é em vão. Finalmente, a senhora diz para eu me sentar e começa o que devia ter feito há muito: massajar-me os ombros. Agora sim, vou relaxar. É então que consigo ver que o meu corpo oleoso está pejado de PÊLOS. PÊLOS??!?! MAS SE EU NÃO TENHO PÊLOS, DE QUEM É ESTA MERDA?! 
Só quero fugir dali a sete pés e quando ela finalmente me larga, diz-me para eu descer e ir para o duche. Enrola-me na dita toalha e nem me deixa pôr uns chinelos. Vou encontrar-me com o culpado desta porcaria toda, mais fula que o óleo e mais oleosa que Fula, numa espécie de sauna. Eu continuo nua, enrolada numa toalha cheia de pêlos de homem. Começo a ficar histérica, a gritar que está muito calor e que me tirem daquele banho turco/indiano. Então ela empurra-me para um chuveiro, que eu não consigo ligar, deixa-me destapada com a porta aberta, porque pedi para ela me arranjar um toalha lavada. Todos tão púdicos e preocupados em não misturar sexos e de repente tenho o massagista do Kico a olhar-me para o peito. SOCORRO! Esfrego-me com toda a força por baixo daquela água, numa esperança vã que me saia aquele óleo e leve com ele aqueles pêlos. Nada acontece, eu não volto a enrolar-me em mais toalha nenhuma e ordeno que ela me vá buscar as coisas. Visto o meu vestido, toda encharcada, enquanto duas crianças olham para mim como se nunca tivessem visto uma pessoa acabada de tomar banho na vida, rogo pragas a todos e ponho-me a andar.

Nota mental: seguir mais o meu instinto.

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