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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

How do you feel India?


Não há forma de descrever o que é a Índia. Não há palavras que contem tudo, nem há imagens que retratem o que se vê a todo o momento, em qualquer lugar. Todos os detalhes contam, para viver esta experiência.
É a viagem mais pessoal que já fiz. Aquele clichê do ou se adora ou se odeia nem me faz sentido. Cada dia é vivido de forma tão diferente, em lugares tão diversos. As pessoas são diferentes em cada local que passamos, a comida não se repete, os episódios isto-não-aconteceu-agora-e-aqui são sempre únicos.

O sul da Índia, para mim, revelou-se mais apaziguador e mais charmoso do que o Rajastão ou Varanasi, esses tão ricos em cores como em emoções.
Aqui, encontro como que uma mistura de locais onde já estive, Tailândia, Maputo, Macau, Brasil... Sinto uma certa reminiscência da Roménia (?) e, claro, vejo muito Portugal, com um toque britânico. Talvez isso explique a nostalgia de um lugar onde nunca estive. Poderá ser porque tudo parece de brincar? Os autocarros antigos, azuis, brancos, vermelhos, amarelos, cor-de-rosa, com bancos duros, janelas abertas e apinhados de gente a espreitar para a rua. As ambulâncias, que parecem da Playmobil, brancas com cruzes encarnadas. As casas, que são grandes, pequenas, baixas, quadradas, sempre cheias de flores, e de todas as cores, que parecem ter sabores (menta, uva, lima-limão, coca-cola, chocolate, morango, laranja) com os seus portões convidativos, cadeiras de baloiço com senhoras idosas à sobra dos coqueiros e eucaliptos que as resguardam de quem passa na estrada. Os camiões, geralmente da Tata, no quais a imaginação de um camionista desafia qualquer criativo: uns são pequenos altares ambulates, mensageiros da palavra divina, com frases inspiradoras ou agradecimentos, outros parecem vibrantes carroceis, com luzes, cores, prateados... Os táxis, as mini-mini vans, que às vezes também fazem de ambulância, o carro da polícia, o próprio polícia. As igrejas, que nos surgem a cada quilómetro, de todos os feitios: muitas ao estilo português, outras imponentes edifícios modernos, altares de beira de estrada, santos em vitrines e pequenas e cromáticas capelas. Uma cruz no alto de uma igreja de cor rosa choque? Eu já vi e foi na Índia. Mas ainda se encontram, aqui e ali, como que perdidos, os templos dedicados aos diversos Deuses hindus. As buzinadelas são menos audíveis. Não há o chinfrim de Jaipur, que nos estonteava na estrada. Por isso, aqui, na estrada, há que abrir bem os olhos e ter muita perícia. E, claro, muita calma, pois tudo acontece, ainda que lentamente.
A forma das pessoas abanarem a cabeça, de um lado para o outro, como se tivessem um pescoço invertebrado, lembrando os Doraemon de plástico que os chineses têm no capot dos carros. É forma de dizer sim, mas que, especialmente, quando feito sem expressão facial, nos deixa sempre na dúvida. Todos querem saber where are you from – chegam a parar no trânsito só para perguntar. Ao Kico, sobretudo após três dias de praia, perguntam de que parte da Índia vem (sim, já foram pelo menos 10 pessoas – eu contei): Goa, Cachemira? Não, Portugal. Uns dizem um simples ok Portugal, porque nem sabem onde é, outros ficam felizes Nice country. Há quem já conheça a nossa crise (Antigamente vinham mais portugueses. Agora há poucos. No money, no funny, no honey) e outros conhecem a nossa língua, respondendo-nos em português. Isso sabe-nos bem, faz-nos sentir em casa.
 

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