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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Recebidos em Goa


Após 12 estafantes horas, num comboio cheio de acção, onde eu ia colada à porta que dava para a casa-de-banho, que emanava um cheiro nauseabundo, entre conversa de chacha com um indo-britânico e uma francesa que claramente teve um desgosto amoroso e veio curá-lo na Índia, finalmente chegámos a Margão. O Pradip, o primo do Joaquim, telefonou-nos e combinou que nos ia apanhar na estação. Seja porque o Joaquim não explicou bem ou porque simplesmente nós não ouvimos com atenção, a verdade é que achámos que o Pradip era um miúdo de 20 anos (aliás, quando abrimos a fotografia do Whatsapp confirmámos que era aquele ali com os pais) e por isso, quando um carro branco parou à minha frente com um senhor grisalho ao volante, fiquei meio desconfianda.

- Sara? Hello, I am Pradip.

Após 5 minutos muito confusos, engolimos o nosso orgulho e confessámos que tinhamos tido todo aquele à-vontade nos telefonemas e mensagens trocadas, porque achámos que estávamos a falar com alguém da nossa idade. Oh, that is Zahir!
Aqui seria a nossa residência nos próximos dez dias: uma casa linda com mais de 300 anos de idade, enorme e toda recheada de loiças e móveis de todo o género e lugares. Se esta casa fosse uma loja, eu vinha cá comprar imensos móveis para mim!

Um quartinho à maneira, com uma casa-de-banho exterior – confessemos, repleto de mosquitos – e a melhor recepção que já recebi em casa de estranhos. A única explicação que me ocorre é que as casas antigas de Goa foram desenhadas para que a família aí vivesse toda junta, e hoje na casa de Peregrino D’ Costa são só quatro. Imaginem lá, minhas irmãzinhas, cunhados, sogrinhos, mãe, avó, Preciosa – todos na mesma casa, hein? Isso é que ia ser giro! (?)

Temos sido muítissimo (mas muito mais do que estávamos à espera!) bem tratados e, sobretudo, bem alimentados (faz de conta que dois meses para perder peso é muito!) A Aileen, mulher do Pradip, cozinha que é uma maravilha e a Tia Blanche é de uma atenção amorosa! Sempre preocupados connosco e com o nosso bem-estar, esta família adoptou-nos completamente. Ao início foi constrangedor, não viemos para dar trabalho mas temos vindo a aceitar que, de facto, culturas diferentes talham diferentes maneiras de ser e esta é tão especial! Não temos forma de agradecer e por isso fazemos o nosso melhor, que é aproveitar e apreciar tudo o que tem acontecido.

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