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segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Bogotá e as emoções à flor da pele

Jetlag, comida de avião, noites mal dormidas num Hostel barulhento (e sujo), vertigens, comida estranha, muitas cores no meio de muita escuridão.
O estômago emaranhado e uma bola no estômago.


Chegámos cansadíssimos a Bogotá, depois de um voo de Paris de 11:30 (onze horas e meia!!!!). Nem queríamos acreditar que tudo estava a correr bem - sem atrasos nos voos, sem malas extraviadas. Descobrimos a Uber logo à chegada e desde então nunca nos desiludiu. Andamos para todo o lado nos carros particulares dos colombianos que nos recolhem, a preços muito mais económicos do que os dos táxis e com a certeza de que eles nos vão buscar onde estamos e nos deixam no destino certo.

Dormimos no centro da cidade, La Candelaria. À primeira impressão, vemos muitas cores a tentar esconder a enorme pobreza da cidade. Casebres coloridos, bares cobertos com grafitis, bailes carnavalescos pelas ruas, autocarros do tamanho do metro de Lisboa.
Estamos na rua a olhar para o mapa, quando aparece o Jorge, el Matador. Aí percebemos que nem todos os malucos que deambulam pela rua são corpos amorfos resultantes dos efeitos nefastos da droga. Jorge sabe tudo sobre Portugal. As touradas, os lusitanos, o Alentejo, o fado. Porém, no dia seguinte quando nos encontramos novamente, ele pergunta-me como estou. Acho que me reconhece e sorrio para ele, respondo quando nos vamos embora e ele pergunta: Americana?
Ele leva-nos para a Plaza Bolivar onde, no meio dos pombos, encontramos um trio de portuguesas que, após a nossa resposta à pergunta que língua hablan, nos respondem nosotras tambiem (mais tarde um outro português tenta iniciar uma pequena amizade no Museu Militar exactamente da mesma maneira, hablando espanol...).
Vamos com elas ao posto de apoio ao turista, mesmo ali na praça e às 10 da manhã (já nós andávamos na rua há duas horas, porque o despertador são as noites mal dormidas) fazemos um tour guiado pelo bairro. Que é o mesmo que dizer que damos a volta ao quarteirão em duas horas e meia. Exaustos e famintos sentamo-nos no primeiro restaurante da rua para provar as iguarias de Bogotá. Agora já posso dizer que continuo a preferir as bananas esmigalhadas dentro do pão).



A sopa de frango e grão é o famoso Ajiaco santafareño, que se come com arroz branco e abacate (?). O outro prato é Tamal, um arroz (também de frango, neste caso) dentro de casca de banana. Com toucinho - ou seja, quando soube, nem comi mais...

Depois de almoço, deambulamos pelo bairro - visitamos o Museu Botero, e descansamos num café na Calle del Divorcio.
Enfrentamos a superstição (vamos la ver como corre este casamento), porque antigamente quando as mulheres eram infiéis os maridos daqui podiam matá-las ou mandar prendê-las. A prisão era mesmo ali, naquela rua. Assim nasceu a lenda de que qualquer mulher casada que passe ali pode acabar divorciada. 



Esse café, que fica do lado esquerdo de quem desce a rua, é uma escola de Baristas e ensinam todas as formas de se fazer um café colombiano. Nós bebemos um granizado, a imitar o André e o seu filho de 10 anos, super viajado e bem esperto, uns brasileiros que fizeram o tour connosco. Depois de uma bela conversa, combinamos encontrar-nos no Cerro de Montserrat e cada quais vagueiam, até lá, um pouco mais pela cidade. 
Ai, mas ninguém me avisou que pessoas sensíveis não deviam subir a Montserrat (se calhar ninguém, nem mesmo eu própria, me incluiu nesta categoria). Ao início achei muita cool filmar a subida para fazer pirraça e mostrar como somos muita aventureiros. Depois comecei a achar melhor era estar quietinha e por fim fiquei histérica, agarrei-me ao Kico com unhas e dentes e fechei os olhos até ao finzinho daquela maldita viagem. São mil e tal metros sempre a pique. Num teleférico. Na Colômbia.
Quando pisei o chão da montanha e vi a vista esqueci aqueles tormentos. Bom, mais ou menos, porque Montserrat é bem alto. Mas tão alto, que cada espertalhão que subia ao muro para tirar selfies me dava friozinho na barriga.
A vista é inacreditável - uma cidade imensa aos nossos pés. Prédio altos espaçados por superfícies verdes, rodeados de montanhas e cobertos de nuvens. Absolutamente incrível. Ficámos à espera do pôr do sol para ver a cidade iluminada. Ficou tudo ainda melhor. 


A conversa estava boa, a vista melhor ainda mas não dava para adiar mais a descida porque, de repente, caiu a temperatura.
A descida foi muito mais suave - talvez porque estávamos às escuras ou, então, porque já ia preparada.
Aproveitámos a boleia dos brasileiros até ao hotel deles, na zona Rosa e fomos de lá, a pé, até ao Park 93.
Aaaahhhh, afinal Bogotá era isto! Prédios modernos, restaurantes boémios, gente gira, carros bons. Agora o problema era mesmo escolher um sítio para comer que não ultrapassasse o nosso orçamento. Que se lixe!, isto hoje foi para a desgraça e não viemos até à outra ponta da cidade para comer no Subway (se bem que estivemos quase, não fosse o aspecto ressequido dos ingredientes para rechear as sandwiches). 
Depois de descermos as montanhas (e passarmos no prédio onde a Shakira tem casa), andarmos em Chicó e Usaquen, saímos de Bogotá com uma impressão absolutamente diferente. 

Claro que adorámos a esquizofrenia colorida do centro da cidade e vamos embora com pena de não termos captado toda a arte que se espalha pelas ruas, mas do outro lado é que está o conforto. Por isso, inclinando-nos mais para prédios com mais de dois andares, um mercado das pulgas, junto de um moderníssimo centro comercial, Hacienda de Santa Barbara, bons cachorros quentes e batidos verdes, de rabo bem sentadinho nos carros dos ubers, deixamos Bogotá rumo ao valor caribenho.

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