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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Tayrona, o último ponto

Como não podíamos voltar para o Tiki decidimos tentar o conforto noutra zona. Despedimo-nos da senhora do Breeze que nos espetou duas beijocas repenicadas (uma em cada um, que cá é à queque) e, debaixo de um enorme calor, apanhámos na estrada principal o autocarro que nos ia deixar à porta do Ecoresort Yuluka (não sabia bem se gostava do facto de ser um hotel de beira de estrada).
Decidimos que não queríamos acampar no Parque Tayrona, com as complicações todas que isso implicava - deixar as malas em algum sítio, ter de voltar para esse mesmo sítio, acampar em si mesmo também é complicado e, ademais, nunca relaxámos com toda a história do Zica (obrigada pelas várias mensagens a dizer "tem cuidado"...)
 Por isso tudo (e já eram muitas razões válidas) arriscámos ficar a dormir a alguns quilómetros do parque e ir visitá-lo durante um dia. Foi um risco compensador.
Desde logo, tínhamos ao dispor uma cozinha, frigorífico, máquina de lavar a roupa e estendal. Aproveitámos logo para pôr debaixo do sabão toda a roupa que tínhamos. Jantámos no hotel (porque não vimos grandes opções pela estrada) e fomos dormir.
 
O hotel dá boleia até ao parque Tayrona, mas só pelas 8 horas (hora a que o mesmo também abre) e, assim, o nosso plano de ir madrugar a caminhar não resultou. Por isso, para aproveitar melhor o dia, pois escurece pelas seis da tarde, assim que chegámos ao parque Tayrona, fomos de cavalo até ao Cabo de San Juan (que nos custou mais 40mil, além dos já pagos pela entrada). O percurso a cavalo é por dentro da floresta e não à beira-mar, o que acaba por reduzir o tempo.
 
Assim ao fim de uma hora e meia estávamos lá. Depois de um mergulho no mar para tirar o cheiro a cavalo, enchemo-nos de coragem e fomos fazer o trekking de duas horas até ao Pueblito - uma aldeia histórica ocupada por indígenas Tayrona. Duas horas sempre a subir, a suar em bica, a ultrapassar obstáculos (pedras, paus, raízes, macacos), e a ficar sempre atrás dos outros caminhantes todos. Foi aí que percebi o alerta fitness que o Kico recebeu. É urgente que vá treinar um pouco...
Eu tentava sempre olhar para o céu em busca do tucano, mas tudo o que mirei foi uma borboleta maior que a minha mão...
 
O percurso é bastante puxado e, fora o trecking em si mesmo, não tem qualquer recompensa final. Pueblito faz parte do passado... hoje tem umas sete cabanas e não se vê vivalma, para além de três ou quatro turistas com os bofes de fora, sentados nas poucas sombras a retomar coragem para descer tudo outra vez.
 
Estávamos cansados, com calor e com fome. E já eram quase três horas, a hora recomendada para recomeçar todo o caminho de volta para sairmos do parque. Um turista suíço (para variar) tinha-nos dito que havia uma padaria barata ao pé dos Arrecifes e esse era o objectivo: chegar lá para comer.
Quando chegámos lá fiquei encantada. Finalmente um pão!! Massudo e gordo, com chocolate ou queijo. Foi a alegria do meu dia!
Enquanto eu espreitava o forninho da velhota padeira, o Kico ia apertando as mãos a uns jovens que chegavam. Portugueses em viagem, sempre gostam de se cumprimentar.
 
O jantar foi a continuação de uma degustação de pão da padeira de Tayrona, acompanhado de sumos naturais. Não tínhamos energia para mais. Doridos dos ombros às pontas dos pés, dormimos ao som dos grilos, pássaros e camionetas que iam passando na estrada. E eu, claro, com o mais forte ruído de todos, o ressonar do meu marido.

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